sábado, 13 de agosto de 2016

Primeira Regra do Silogismo

Uma vez que introduzimos os Silogismos, explicando proposições Gerias e Particulares, podemos entrar nas regras. Além de falar sobre a Primeira Regra do Silogismo, vamos explicar como são as sentenças lógicas.

Lógica Simples e Lógica Ponderada

O Silogismo se enquadra na Lógica Simples, pois se constitui, nas sua expressão, de três frases:

  • Primeira proposição;
  • Segunda proposição;
  • Conclusão.
Esta é a primeira regra do Silogismo: Apenas três frases.

Uma forma de analisar Silogismos é acompanhar debates de Internet, pois muitos deles ferem a Lógica, e nos ajudam a aprender os erros de abordagem das situações comuns da vida.

Vamos propor o primeiro caso de análise, extraído de um trabalho de Paulo Margutti ("Breve Resumo das Regras do Silogismo Aristotélico"):

"O cão late" (Caráter Geral)
"Aquele grupo de estrelas é o Cão" (Caráter Particular)
"Logo, aquele grupo de estrelas late".

Não se espante. Achamos proposições utilizando este tipo de lógica (do "nada a ver") em muitos fóruns de Internet, pois a preocupação com a Lógica e com a Filosofia já deixou as escolas há muito tempo.

Explicação

Do ponto de vista do SIMPLES USO DA PALAVRA CÃO, a lógica está correta. Os Silogismos são enunciados com uma proposição Geral e uma Particular, PELO MENOS, como veremos ser consolidado nas regras colocadas nos próximos posts.

Um Silogismo, no entanto, deve ter a sua significação (semântica) corretamente enunciada. A segunda frase deveria ter sido enunciada assim:

"Aquele grupo de estrelas TEM O NOME 'CÃO'"

Um NOME (substantivo próprio) pode designar qualquer coisa. Já uma ESPÉCIE/CATEGORIA (substantivo comum) designa OBJETOS/SERES com atributos/propriedades bem perceptíveis.

Este é o erro mais comum que leva aos Sofismas, ou seja, conclusões aparentemente corretas baseadas em meias verdades.


Não existe intersecção do conjunto de Constelações com o conjunto de Animais. A igualdade de nomes não quer dizer igualdade da Espécie ou da Categoria.

Nos Silogismos, devemos observar se:

Os objetos em análise pertencem à mesma ESPÉCIE/CATEGORIA no Primeiro e no Segundo argumento.

Exemplo válido

"Todo animal mamífero tem quatro patas" (Caráter Geral)
"O cão é um animal mamífero" (Caráter Particular)
"Logo, o cão tem quatro patas"

Neste Silogismo, as palavras "cão" e "mamífero" pertencem, em ambas as proposições, à mesma categoria.

Outro Exemplo com Sofisma

"Eduardo Cunha é político" (Caráter Particular)
"Muitos políticos são corruptos" (Caráter Particular)
"Logo, Eduardo Cunha é corrupto"

A primeira dúvida se daria com a segunda proposição. "Muitos" não deveria ser tomada como de Caráter Geral ?



De forma nenhuma. "Todos" seria de caráter geral. Dizer "muitos" não é o mesmo que dizer "todos". Uma generalização baseada em maioria não é válida. Se sobrarem 5 políticos honestos, ainda teremos um Sofisma, e não um Silogismo correto na observação das "Espécies". Na figura vemos que Eduardo Cunha pode não estar no conjunto dos corruptos. Havendo esta hipótese, o Silogismo não tem validade.

E veremos em outras regras à frente, que de duas proposições Particulares não podemos tirar uma Conclusão de caráter Geral.

Exemplo com Distorção clara

"A Bíblia contém palavras de Sabedoria" (Caráter Particular)
"Alguns pastores são desonestos" (Caráter Particular)
"Logo, não podemos confiar na Bíblia"

Do exemplo anterior já vimos que não podemos tirar uma Conclusão Geral a partir de proposições particulares.

Mas aqui notamos um ruptura flagrante do par Espécie/Categoria. A ligação entre Bíblia e Pastor é a relação Ministrar ou Ensinar. Portanto teríamos que ter:

"A Bíblia contém palavras de Sabedoria" (Caráter Particular)
"Alguns Ministros que ensinam a Bíblia são os Pastores" (Caráter Particular)
"Alguns pastores são desonestos" (Caráter Particular)
"Logo, não podemos confiar na Bíblia"

O Silogismo, pela nossa primeira Regra, não trata de 4 proposições, mas tão somente de três. Vamos então analisar o primeiro Silogismo da cadeia:

"A Bíblia contém palavras de Sabedoria" (Caráter Particular)
"Alguns Ministros que ensinam a Bíblia são os Pastores" (Caráter Particular)
"Logo, todos os que ensinam a Bíblia são Pastores" (Caráter Geral)

Como não podemos fazer uma dedução de Caráter Geral de duas proposições Particulares, a Conclusão, já na primeira parte da análise, é FALSA.

Conclusão

A primeira Regra exige a análise de um problema complexo a partir de "ternos" compostos de duas proposições, colocadas respeitando ESPÉCIES/CATEGORIAS em sua formulação, com uma conclusão de caráter Geral.

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